O livro aprofunda as discussões acerca da história de grupos homessexuais historicamente perseguidos no Brasil. A nova edição inclui um novo capítulo, que incorpora o período após os anos 2000. Segundo Cleyton Feitosa, “Além do Carnaval é um estudo profundo, amplo, rico e completo sobre o funcionamento político, social e cultural do Brasil, visto desde uma perspectiva queer. É um produto que articula com sofisticada competência, rigor científico e simplicidade na comunicação, a compreensão do seu vasto conteúdo”, afirmou o convidado.
Para o professor, o livro interessa principalmente a estudantes, professores pesquisadores, ativistas, gestores públicos, classe política (em especial de centro-esquerda), e a qualquer pessoa que deseje aprender mais sobre cidadania e Brasil. “A terceira edição de Além do Carnaval é definitiva”, finalizou Feitosa.
A temática do encontro de lançamento se deu principalmente pela leitura de passagens consideradas importantes pelo autor e seus convidados Um dos trechos lidos relata a trajetória de João Cândido e Napoleão. A história narra as dificuldades enfrentadas pelo casal que, em 1933, foi separado quando a família de Napoleão o envia para um sanatório após a descoberta do romance. A batalha contra todo um sistema de perpetuação da opressão é detalhada no seguinte trecho.
“Muitos membros da família tentaram reprimir e controlar o que consideravam uma conduta embaraçosa e imprópria de parentes envolvidos em relações sexuais “perversas”. Quando fracassavam, às vezes recorriam à intervenção do estado. A polícia, a justiça e a medicina trabalhavam em uníssono para conter e controlar esse “desvio”. Presume-se que esse tipo de pressão institucional, a fim de desencorajar atividades homossexuais, servia para disciplinar e desmoralizar alguns indivíduos que acabariam por reverter a um estado de “normalidade” heterossexual.”, destaca Green.
É nessa instituição que Napoleão permanece por um longo período, internado, e tendo suas cartas endereçadas ao companheiro confiscadas. Com um certo tom de melancolia, o autor detalha como Napoleão finalmente decide ceder às pressões institucionais.
“Falar desse livro é falar da nossa história”, afirmou Fábio Felix, após a leitura do trecho mencionado. “Para qualquer pessoa que é ativista da causa LGBT, ativista de direitos humanos ou educador, esse livro é imprescindível. É a compreensão da nossa história, do movimento LGBT, associada à história geral da humanidade”, completou o deputado.