A democracia teve diferentes significados em cada um dos períodos históricos. Se buscarmos o sentido literal da palavra, democracia, é um regime político no qual a soberania é exercida pelo povo. Mas sabemos que vai muito além disso. Segundo Nussbaum (2015), a capacidade de pensar e imaginar é o que nos torna humanos e transforma as nossas relações em pessoais e profundas. E quando não aprendemos a enxergar o eu e o outro, a democracia está fadada ao fracasso. Isso porque aprendemos a ver o outro como ser humano e não como um objeto.  

 

Nussbaum diz que a medida de desenvolvimento nacional tem sido o econômico, entretanto, o crescimento da economia não é produzir democracia. Por isso, vale a reflexão: o que significa para um país progredir e ser igual para todos? O questionamento ainda é uma pergunta misteriosa, mas sabe-se que uma das chaves é o investimento da educação como ferramenta para a construção do indivíduo crítico. 

 

“A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos.” 

Declaração universal dos Direitos Humanos, 1948



Os direitos humanos são uma forma de garantir que haja uma implementação das decisões democráticas de maneira justa, sendo a educação um desses pilares. Todos têm direito ao acesso à educação e com a consolidação do regime democrático, o aprendizado é uma forma de proteger e garantir a defesa desses direitos. Por isso, é difícil falar de democracia, sem mencionar educação e direitos humanos. 

 

Além disso, em uma sociedade a capacidade de perceber os outros como seres humanos é essencial, inclusive, para promover um ambiente responsável dentro do interesse econômico. Uma grande nação, como o Japão, tirou as ciências humanas e sociais dos programas de promoção científica, mas voltaram atrás em 2020 após perceberam a importância da valorização dessas áreas. Isso após surgir uma necessidade crescente nos estudos de inteligências artificiais, mudanças climáticas e ciências biológicas sobre como esses avanços afetarão a sociedade e as pessoas que nela convivem. Dessa forma, é perceptível que as humanidades estão ligadas diretamente à formação de cidadãos tornando-os informados, independentes e críticos. 

Além desses aspectos, há dois valores importantes a serem preservados na democracia: igualdade e liberdade. Tais valores abrangem de forma indistinta qualquer indivíduo, independente de cor, raça e dinheiro. Porém, vivemos em um país em que esses princípios são corrompidos por um tenebroso histórico escravocrata e pelo enorme abismo social que divide o Brasil. De um lado, parcela da população acumulando cada vez mais capital e, de outro lado, a grande maioria do povo enfrentando uma constante busca por sobrevivência. 

 

É como disse Darcy Ribeiro (2001) : “Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar”. De fato, a democracia não é tão justa, mas só nos resta nunca deixar de lutar.

 

Por Isabella Lucena